segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Inovação Multimídia - parte sete: Mundos Virtuais na área da Saúde

Já fui questionado algumas vezes sobre os usos práticos dos mundos virtuais em áreas diferentes da Tecnologia, do Design, Jogos Digitais e Educação. Então resolvi fazer um post dedicado ao assunto, focando na área da Saúde.

SENAED
Vamos começar falando como uma italiana está ensinando aos seus alunos de medicina com o uso do Second Life. No dia 24 de maio, tivemos uma palestra durante o Seminário Nacional de Educação a Distância da ABED focada no uso do metaverso na área de saúde, na qual compareceram educadores de diversas áreas do conhecimento para conhecer o trabalho e conversar com a palestrante.

Biancaluce Robiani falou sobre seu trabalho pioneiro de simulações de situações médicas reais, para fins educacionais, no Second Life. Seu enfoque, porém, não estava na medicina, mas em como utilizar o Second Life de maneira efetiva em ambientes educacionais, independente do grau de ensino (educação básica, profissionalizante ou universitária).

Ela é educadora, mentora do Second Life, tradutora da versão italiana do SL e responsável pelo IRC Italian Ressucitation Council - Commissione Multimediale Rianimazione Cardiopulmonare (Comissão Multimediática de Reanimação Cardiopulmonar do Conselho Italiano de Ressucitação) que ensina através de simulações em 3D as técnicas de reanimação cardiopulmonar para enfermeiros e profissionais da saúde.

A palestra foi valiosa para todos os educadores interessados no Second Life e as idéias podem ser aplicadas em todos os níveis de ensino e disciplinas. O objetivo foi mostrar como o Second Life pode ser uma importante ferramenta para simular situações criticas da vida real, como o trabalho com pacientes em hospitais, para que o estudante se prepare melhor para sua prática.


Universidade treina alunos de medicina em mundo virtual
Outro exemplo vem do Imperial College of London, que pretende utilizar o Second Life para ministrar treinamentos a seus estudantes de medicina. A faculdade construiu um hospital virtual completo, com uma ala para doenças respiratórias, um centro cirúrgico e uma enfermaria que permitem aos alunos visitar e examinar pacientes, pedir exames, diagnosticar problemas e realizar a maioria das tarefas feitas no mundo real.

No hospital, os estudantes podem ver e selecionar medicamentos da prateleira e observar os instrumentos com os quais seus pacientes estão sendo tratados, obtendo dados como a pressão sanguínea e os batimentos cardíacos.

O vídeo abaixo mostra o Nursing Education Simulation (Simulador de Educação em Enfermagem) criado pelo instrutor John Miller, que afirma que "nenhum aluno quer colocar um CD-ROM e fazer um boneco. Eles desejam interatividade e redes sociais e o Second Life oferece o que há de melhor nas simulações, conferindo um aspecto social, que é mais parecido com a vida real".



No Canadá...
Pesquisadores da University of Toronto e do Center for Innovation in Complex Care (CICC) da University Health Network, descobriram que existe uma vasta atividade relacionada com a Saúde ocorrendo diariamente no Second Life, onde pessoas estão sendo educadas sobre doenças e enfermeiros e estudantes de Medicina são treinados com simulações virtuais, que permitem a constituição de grupos de discussão sobre doenças específicas ou encaminhar fundos reais para pesquisa médica.

O grupo de pesquisadores descobriu também que as atividades relacionadas com a Saúde tem implicações significativas na 'vida real' dos usuários do SL. Dante Morra, diretor médico do CICC, afirmou que "os mundos virtuais e as redes sociais na Internet oferecem um novo domínio para a Saúde. Apesar de estarmos no início do seu desenvolvimento, existe uma grande oportunidade para usar estas plataformas na educação, na investigação e mesmo na despistagem de doenças".

Jennifer Keelan, pesquisadora chefe do projeto, sugere que a vantagem principal para os usuários é "o anonimato relativo com o qual os pacientes podem fornecer informação e partilhar experiências sobre a sua saúde num ambiente seguro. Existe ainda um grande potencial para os pacientes 'experimentarem ser pacientes', fazendo virtualmente uma mamografia ou navegando nas instalações virtuais de um hospital, e podendo perceber melhor os procedimentos e processos médicos tornando-se mais informados".

Para Leslie Beard, outro membro do grupo de pesquisa, "existe aqui uma excelente oportunidade para entender as características das redes sociais que as tornam tão atrativas e acessíveis ao público. Uma vez percebido o que traz as pessoas para a Web 2.0, podemos conceber e aplicar estratégias de comunicação mais eficazes na Internet."

Se você quiser ter acesso ao resultado das pesquisas do CICC, clique aqui. Esta publicação constitui a base para a próxima fase do projeto, que pretende estudar a Web 2.0, as redes sociais e os mundos virtuais para conduzir uma pesquisa acadêmica sobre estratégias de comunicação na Saúde.

Second Life ajuda veteranos de guerra
Uma vez que cumprem seu papel como invasores de territórios alheios e matadores de inocentes, os soldados americanos costumam ser jogados no lixo, mesmo quando o latão está disfarçado de instituição de apoio.

Uma iniciativa que vale a pena ser destacada é a do Institute for Creative Technologies (ICT) da University of Southern California, que criou o Transitional Online Post-deployment Soldier Support in Virtual Worlds com o objetivo de integrar mais facilmente os ex-combatentes na vida civil. O nome é longo, mas a proposta parece ser interessante.

Geralmente, os veteranos de guerra apresentam resistência contra as terapias existentes, e por isso os cientistas estão criando uma comunidade virtual online na qual os membros podem encontrar as condições de camaradagem e outros recursos que lhes permitam voltar à vida civil com menos dificuldades.

O ICT criou uma área no Second Life com o nome de Coming Home, com setores para atividades sociais, jogos competitivos e colaborativos e também para oferecer apoio aos veteranos em suas terapias, que inclusive é oferecido por bots dotados de inteligencia artificial.

De acordo com o Walter Reed Army Medical Center e o Army Research Institute, os ex-combatentes demoram cerca de seis meses depois de voltarem para casa até serem capazes de falar sobre as suas preocupações ou problemas mentais. O ICT acredita que o anonimato de um mundo virtual online acessível a partir de um PC em casa, permitirá que os veteranos se 'abram' com mais facilidade para serem ajudados.


É a cara do pai!

Você pode até pensar que é brincadeira, mas eu já fiz uma matéria, em 2008, sobre a gestação e o nascimento de um avatar no Second Life, filho de dois avatares brasileiros. Agora, é a vez de uma parteira, que também é gestora, professora e doutoranda na Universidade de Queensland, em Brisbane, na Nova Zelândia, participar de uma atividade do tipo.

Sarah Stewart colabora no projecto Second Life Education New Zealand, e ministra aulas sobre gravidez, nascimento e parto. Sarah afirma que "muitas das mulheres que simulam a gravidez e o nascimento em Second Life não o podem fazer na vida real" (fato que acompanhei aqui, na minha reportagem).

Penso que os exemplos acima já são suficientes para que os críticos de plantão possam reavaliar suas posições em relação ao uso de mundos virtuais na área de Saúde, pois não?

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