segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Série Especial - Brasil, o País do Presente (50): Sobre biocombustíveis brasileiros


Temos recebido diversas notícias na área de biocombustíveis, que referencia a qualidadede nossos projetos. O post a seguir é bastante ilustrativo e aponta para uma aculturação feita ainda no período pré-graduação, criando na população brasileira a conscientização ambiental e contribuindo para o desenvolvimento do País.
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Fábrica-escola de biocombustível vai reaproveitar óleo de fritura
Já imaginou transformar sobras de óleo de fritura em biocombustível? O que era um problema para o meio ambiente, aos poucos está se tornando uma solução com duplo benefício: deixa-se de gastar petróleo e produzem-se menos poluentes.

Em mais uma iniciativa desse tipo, a FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) aprovou um financiamento não-reembolsável (que não precisa ser pago) de R$ 2,5 milhões para um projeto de reciclagem de óleo de cozinha que será coordenado pela Embrapa Agroenergia (Brasília/DF).
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A proposta visa aproveitar de maneira inteligente o descarte dos restaurantes da Capital Federal. A eliminação do volume de óleo derramado ralo abaixo proporcionará redução de custos com o tratamento de água. "A ideia desta reciclagem é retirar o produto do esgoto", explica o pesquisador José Dilcio Rocha, coordenador da proposta.
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Estima-se que, atualmente, quatro milhões de litros de óleo sejam consumidos por ano e despejados na rede do Distrito Federal, o que provoca entupimento no sistema e gastos com manutenção e produtos químicos de neutralização.

O investimento, além de um sistema de coleta integrado com bares e restaurantes, viabilizará a construção de uma fábrica-escola de biocombustível que, quando pronta, irá processar até cinco mil litros de óleo por dia.
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Em média, as famílias brasileiras consomem de um a três litros do produto por mês. Caso fosse reaproveitado, este resíduo poderia gerar até 33 milhões de litros de combustível limpo.  Além desses benefícios, falar em biodiesel é pensar em uma atmosfera mais saudável. No ano passado, Brasília registrou o maior crescimento percentual da frota de carros e de motos do país. Em 2001, havia 521.337 carros registrados. Em outubro de 2009, foram 845.219 (62,1% a mais).
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O projeto, ao transformar resíduo em um combustível biodegradável e livre de enxofre, também pode ajudar a reduzir a emissão de poluentes e, consequentemente, o aquecimento global.  A Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) e o Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília são parceiros do projeto.

EUA referencia o Brasil na área de biocombustíveis
A Agência Norte-Americana de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês) anunciou que o etanol brasileiro de cana-de-açúcar reduz as emissões de gases de efeito estufa (GEE) em 61% em relação à gasolina - o que o caracteriza como um "biocombustível avançado".
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O reconhecimento da EPA abre o mercado norte-americano e mundial para o etanol brasileiro e deverá contribuir para a redução das tarifas de importação impostas ao produto pelo governo dos Estados Unidos.  Segundo os pesquisadores, isso aumenta ainda mais a necessidade de investimentos em pesquisas relacionadas ao biocombustível no Brasil.

"O governo dos Estados Unidos reconheceu algo que já estava bem claro para a comunidade científica. Trata-se de uma excelente notícia para o etanol brasileiro porque a disponibilidade de um biocombustível avançado e comercialmente viável é um elemento importante para a estratégia norte-americana de redução de emissões de GEE [gases de efeito estufa]," disse Luís Augusto Barbosa Cortez, professor de Engenharia Agrícola da Unicamp. "No entanto, a provável abertura do mercado criará uma demanda que só poderá ser suprida se tivermos um grande avanço tecnológico", complementa ele.

Segundo Cortez, a necessidade de aumento da produção poderá ter tal magnitude que somente seria possível de ser realizada com investimentos em pesquisa para o aprimoramento do etanol de primeira geração e para o desenvolvimento da produção de etanol celulósico - que deverá aumentar a produtividade sem expansão da área plantada de cana-de-açúcar.

"Essa boa notícia precisa ser acompanhada de investimentos para que o etanol tenha melhores indicadores, como custo de produção, redução de consumo de fertilizantes, produtividade agroindustrial, condições de trabalho no campo e redução de queimadas. A sustentabilidade do etanol tem que ser considerada em suas dimensões ambientais, sociais e econômicas", disse.

De acordo com avaliação feita pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), a decisão da EPA abre o mercado para a entrada de 15 a 40 bilhões de litros de etanol brasileiro nos Estados Unidos até 2022. A nova legislação norte-americana estabelece que o consumo mínimo de biocombustíveis deve ser de mais de 45 bilhões de litros anuais e, até 2022, esse volume deverá ser elevado para até 136 bilhões de litros.

"A decisão não abre o mercado apenas nos Estados Unidos, mas em todo o mundo, porque a EPA é reconhecida em todos os países e o etanol brasileiro provavelmente ganhará importância nas estratégias de redução de emissões de todos eles", disse Cortez.

O pesquisador também coordena estudos sobre expansão da produção de etanol no Brasil visando à substituição de 10% da gasolina no mundo em 2025 por etanol de cana-de-açúcar, feitos pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) e pelo Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (Nipe), da Unicamp.

Para ser considerado um biocombustível avançado, o etanol deve reduzir as emissões de GEE em pelo menos 40% em relação à gasolina. Artigos científicos indicaram que a redução do etanol brasileiro variava entre 60% e 90%, dependendo da metodologia de estudo. O etanol de milho norte-americano, em comparação, produz redução de cerca de 15%.

"Que eu saiba, por esse critério, não há nenhum outro biocombustível avançado comercialmente viável. O biodiesel europeu, que tem melhor desempenho, proporciona reduções na faixa de 20% a 30%. Os norte-americanos têm esperanças de conseguir essa classificação para o etanol de segunda geração, mas ele ainda não é comercial e quando estiver sendo produzido ainda será muito caro", afirmou Cortez.

O professor da Unicamp explica que o reconhecimento da EPA certamente ajudará a derrubar a tarifa de importação do etanol brasileiro nos Estados Unidos, que está estabelecida até o fim de 2010 em US$ 0,54 por galão.

A tarifa, estabelecida para proteger os produtores de etanol de milho nos Estados Unidos, é considerada um grande obstáculo para o produto brasileiro. Mas, segundo o cientista, o ideal é que elas sejam diminuídas gradativamente, com a criação de tarifas diferenciadas.

"Com essas tarifas eles protegem os fazendeiros, mas não reduzem as emissões o suficiente. Esse protecionismo é incoerente com as estratégias ambientais e deverá ser revisto. Mas é preciso que essa redução aconteça paulatinamente para que a indústria brasileira tenha tempo para se preparar para a imensa demanda que será gerada. Se a redução for repentina, isso poderá levar ao desabastecimento", disse.

O reconhecimento da EPA do etanol brasileiro como biocombustível avançado não basta para que ele seja integrado à estratégia norte-americana, segundo Cortez. "Para optar de fato pelo nosso etanol, eles precisarão analisar se o Brasil é um fornecedor seguro. O único jeito de garantir isso é aumentar a produção. Hoje, sabemos que uma simples alta na exportação do açúcar já é capaz de afetar o fornecimento de etanol no Brasil", afirmou.

Cortez ressalta que hoje os Estados Unidos consomem cerca de 560 bilhões de litros de etanol por ano, enquanto o Brasil consome aproximadamente 40 milhões de litros. "Se o mercado norte-americano começar a demandar uma quantidade importante como 5 ou 10 bilhões de litros por ano, isso vai afetar significativamente o mercado brasileiro. Esse mercado é muito sensível ao preço do açúcar em nível internacional e ao consumo de álcool em nível interno", destacou.

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