sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Série Especial - Brasil um país de tolos (01): Metrô Rio e a politicagem na Comunicação Visual

Com essa postagem, inicio uma nova série especial: Brasil, um país de tolos. Sim, é um trocadilho infame feito com o título original, mas seu uso é para expressar a indignação que os (des)governantes me causam com suas atitudes inadequadas e inconsequentes, onde eles colhem os louros das coisas feitas com o nosso dinheiro e nós, verdadeiros donos da nação, continuamos a sofrer as consequências.

Eles acham que todos somos tolos, mas existe a minoria (composta por milhões de cidadãos) que não se deixa seduzir pelos discursos vazios, pelos noticiários manipulados e ainda por cima tem a capacidade de criar e disseminar conteúdo de qualidade para os demais cidadãos brasileiros.

Vamos falar hoje sobre (dentre outras coisas) o mau uso da Comunicação Visual, que é fator de interesse para meus alunos de Design Gráfico. E o case de fracasso vem da minha cidade, o Rio de Janeiro.

Há cerca de quatro décadas (se você tiver dificuldade em fazer contas, leia-se QUARENTA ANOS) temos um imbroglio, uma anedota chamada Metrô que vem lentamente se estendendo pela região metropolitana. Muito se prometeu, quase nada se fez e a sanha continua, prejudicando milhões de pessoas.



Acima, um mapa da linha 1 feita por volta de 1970. Se você quiser conhecer algumas "histórias patifes" que envolvem o Metrô, clique nos links abaixo:
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A Farsa da Venda dos Terrenos do Metrô

Só para se ter uma idéia, no mesmo período em que se constrói UMA estação por aqui, em São Paulo se completa quase uma linha inteira...

A mais nova lambança (meio antiga na data da publicação desse post) está relacionada a uma inovação: ligar as linhas 1 e 2 e com isso diminuir o tempo de viagem dos usuários da linha 2 em 13 minutos. Para quem olha de fora ou com o tradicional olhar apalermado dos viciados televisivos, isso parece até bom. E realmente seria, se tivesse sido feito de forma coerente, profissional e não politiqueira.

A idéia seria inaugurar a tal ligação, mais uma nova estação (que fica pertinho da estação Estácio, ou seja, mais dinheiro nosso jogado fora), em março deste ano, mas as obras da ligação (sem a estação) ficaram prontas no meio de dezembro do ano passado, quase simultaneamente à estação General Osório, em Ipanema.

Quem aí falou que inauguraram tudo a toque de caixa para aproveitar a oportunidade política, acaba de ganhar um bônus em balas Juquinha! O presidente da Ré-Pública estava presente e a coisa foi entregue à população com pompa e circunstância. Mas como era de se esperar, não funcionava direito, razão pela qual as vaias antecipadas foram muito bem justificadas.

Vou poupá-los dos detalhes técnicos, que é para não estender demais o post, e dizer que a ligação entre as duas linhas requer um controle de tráfego preciso, com um sistema de Comunicação Visual, mote principal deste post, funcionando a contento. Para isso foram criadas as seguintes opções:

a) Sinalização Horizontal
Aplicada nas plataformas de maior movimento, no trecho compreendido entre as estações Central e Botafogo, que é onde as duas linhas correm pelos mesmos ramais. Isso significa que no chão da plataforma, no ponto aproximado onde ficam as portas quando o trem para, foram aplicadas marcações laterais indicando o posicionamento dos usuários para o embarque na composição, enquanto que no centro, entre essas duas, ficaria a sinalização indicando a área de saída dos passageiros.

Papa-fina!

O "pobrema" está no fato de que aquilo que se entende como "usuário" é na verdade uma massa humana composta por cultos, incultos, bugres e seres mitológicos (duvida? Frequente o Metrô do Rio!), que primeiro deveriam ser orientados a se posicionar nas marcações para facilitar o deslocamento para e oriundo da composição.

Simplesmente colar as marquinhas no chão não ajuda em nada, pois apenas as pessoas de bom senso e algum nível cultural entendem do que se trata. E até mesmo elas acabam desistindo, visto que quem sai do trem o faz de qualquer jeito, empurrando, pisando e atropelando sem dó nem piedade.

b) Sinalização Vertical Dinâmica
Nome bacana, hem? Pois é, nesse mesmo trecho, supra citado, o Metrô Rio instalou vários monitores de "trocentas" polegadas que teriam como objetivo avisar o usuário qual o destino final da composição que entrará na plataforma, se os terminais Saens Peña ou General Osório (na linha 1) ou Pavuna ou Botafogo (na linha 2).

Só que o troço não funciona, ficando apagado ou então mostrando anúncios repetitivos das instruções da companhia durante o dia todo. Mais um "pobrema" não resolvido, mais dinheiro jogado fora. Meu dinheiro. Seu dinheiro também...

c) Sinalização Sonora Disruptora
Ok, o título ficou meio cinematográfico, mas o que dizer de um funcionário, aos berros pelos auto falantes da estação, avisando que o trem que vai entrar na plataforma vai para tal ou qual lugar? Isso causa a disrupção dos tímpanos e me lembra dos trens metropolitanos de antanho, quando nas plataformas tinhamos este triste espetáculo, que podia ser ouvido até por quem estava longe da estação.

Aliás, vou abrir um parágrafo para manifestar meu protesto contra o uso das instruções que são transmitidas sonoramente. O Metrô Rio tem um péssimo desempenho nesse quesito. Os locutores repetem a mesma mensagem 3, 4, 5 vezes seguidas, via de regra aos berros. Não bastasse a fuzarca nas estações, o som no interior dos carros também é, por vezes, ensurdecedor.

d) Sinalização Circence Alternante
Realmente, hoje eu estou inspirado. Mas sinto-me um reles aprendiz diante das "solussões" apresentadas pela companhia do Metrô. Acreditem ou não, na estação Central, nos horários de maior movimento, fica um rapaz segurando uma haste contendo placas com as palavras "Saens Peña" ou "Pavuna".

Ele fica na beirada da plataforma, depois daquela faixa amarela que ninguém deve ultrapassar por questões de segurança, aguardando o trem para ver o destino (que vem escrito na frente e dos lados). Uma vez visto para onde vai o trem, ele muda rapidinho a plaquinha e grita o mesmo para os cidadãos que estão ao seu redor. Quase simultaneamente, entra a Sinalização Sonora Disruptora a anunciar a mesma coisa...

Dentre as "promessas de campanha" está a estação Cidade Nova (um desperdício de dinheiro) a ser inaugurada em março de 2010 e este sistema irregular de sinalização e circulação de trens ser normalizado na mesma época. Vamos fiscalizar e denunciar caso não aconteça.

Para vocês, designers que tiveram a paciência de ler o post até o final, meus parabéns! Temos aqui um case que merece ser estudado para a construção do arcabouço intelectual de cada um de vocês, para que no futuro possam participar de projetos semelhantes e propor soluções eficientes para a demanda proposta.

Aliás, além de denunciar irregularidades, essa série especial, assim como todo o resto das postagens desse blog, tem por objetivo fazer você pensar, refletir, crescer e assumir o percentual das "rédeas" da nação que lhe pertence. Assumir e guiar com responsabilidade. Inovar é também transformar a própria vida.

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