Escrever um livro não é uma tarefa fácil. Posso falar por experiência própria pois eu mesmo já escrevi pouco mais de meia dúzia. Criar a sinopse, desenvolver a história – escrevendo e reescrevendo várias vezes – escolher o título e criar o projeto gráfico, só para citar algumas etapas, dá bastante trabalho.
Mas se você gosta, o resultado final costuma compensar o esforço, mesmo que não encha muito os bolsos. Eu passei a produzir muito mais livros depois que tive acesso aos programas gráficos de computador, mas soube recentemente do caso de um escritor que se tornou uma sumidade devido ao uso da computação para a criação de mais de 200 mil livros!
Philip M. Parker (foto) se auto intitula "o autor mais publicado da História" e uma busca pelo nome de sua editora, no site da Amazon.com, mostra que ele ainda ganha um bom dinheiro com isso.
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Mas vamos explicar o que realmente acontece e, quem sabe, inspirar você a pensar sobre o assunto e talvez encontrar um “caminho” para seguir e criar suas próprias inovações. Os livros publicados sob o seu nome estão mais para compilações do que propriamente para criações e Parker deveria ser definido como um compilador e não como um escritor.
Ele trabalha como professor de Inovação, Negócios e Sociedade na Insead, uma escola de administração de empresas com campi em Fontainebleau, na França, e em Cingapura. Graças à sua visão de diferentes áreas do conhecimento que cada vez estão mais integradas, Parker desenvolveu algoritmos de computador que recolhem informações publicamente disponíveis sobre um tema (seja ele conhecido ou obscuro) e, com a ajuda de 60 ou 70 computadores e seis ou sete programadores, faz delas livros em diversos gêneros, muitos deles com tamanho da ordem de 150 páginas e impressos apenas quando um cliente encomenda um exemplar.
Seria como se, a grosso modo, você pegasse todas as peças de teatro de domínio público em Língua Portuguesa e criasse, a partir delas, outras obras, seja para teatro, televisão, cinema ou até mesmo literatura. Acabei de dar uma ótima idéia, não acha? O que está esperando?
Parker afirma que seu compilador defende idéias provocantes - e aparentemente lucrativas - quanto ao que define um livro. Como ele trabalha sob demanda (a partir de encomendas), não corre o risco de encalhe e embora a maior parte de seus livros vendam apenas algumas dezenas de exemplares, os “best sellers" atingem a marca de várias centenas.
Se fizermos uma conta por baixo e supormos que cada livro tenha vendido apenas 100 exemplares a US$9,99 cada um (o preço médio dos livros eletrônicos vendidos pela Amazon para serem lidos no Kindle), multiplicando isso por 200 mil títulos teremos o suculento resultado de quase DUZENTOS MILHÕES DE DÓLARES!!!!!
Não sei se ele realmente já conseguiu ganhar isso, mas sendo um professor de Inovação, Negócios e Sociedade, não lhe deve faltar visão de nichos lucrativos de mercado. E como eles são distribuídos eletronicamente e vendidos por encomenda, mesmo baixas vendas garantem que, no âmbito geral, ele esteja no lucro.
Sua empresa, o Icon Group Internacional, é a longa cauda de uma curva de sino exibida em forma concreta, e gera vendas totais significativas com base em um catálogo de títulos que ninguém imaginaria possível vender.
O Icon "é um exemplo muito inovador e interessante de editora que opera por encomenda", disse Kurt Beidler, um executivo da Amazon.com que cuida dos serviços editoriais da BookSurge, a divisão da Amazon que produz livros sob encomenda.
Muitos dos exemplos de livros impressos por encomenda envolvem títulos antigos, que caíram em domínio público, e são reimpressos. Mas eles operam como um negócio novo, e utilizam essa capacidade a fim de apresentar material inédito aos consumidores.
Sua clientela é composta principalmente por bibliotecas médicas (que adquirem quase tudo que ele produz), editoras de revistas de palavras cruzadas e/ou de poemas e até roteiros de programas para TV.
Com o sucesso de seu projeto, Parker está estabelecendo as “bases” para romances de amor gerados por uma série de novos algoritmos. Ele decidiu se dedicar a um esforço por automatizar trabalho chato ou difícil. Comparando-se a um discípulo distante de Henry Ford, ele disse que estava "desconstruindo o processo de levar um livro ao leitor, e automatizando cada passo possível do processo". Acrescentou ainda que "meu objetivo não é que o computador escreva um texto, mas que ele execute as tarefas repetitivas, que seria dispendioso demais realizar de outra maneira". Além disso, Parker descreveu sua motivação de oferecer conteúdo que o mercado tivesse negligenciado devido à falta de uma audiência clara.
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Martelada do dia: Agora, vou fazer uma provocação para os meus alunos de Design Gráfico e de Jogos Digitais: além do conteúdo padrão das disciplinas, vamos criar um blog, um podcast e um videocast em machinima. Quais tipos de inovações vocês acham que será possível empreender usando apenas essas ferramentas gratuitas da Web 2.0?
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