sábado, 22 de agosto de 2009

Livro Eletrônico - parte três: Criação Coletiva Online

Um movimento que ganhou novamente visibilidade é o chamado “coletivo”. Claro que não estou me referindo aos veículos fumacentos que se arrastam barulhentamente pelas ruas das cidades, mas à proposta que algumas pessoas adotam de se unir para produzir um conteúdo específico e cuja real autoria é dissimulada por um pseudônimo.

A proposta aqui é a visão colaborativa em prol da criação de conteúdos de qualidade que expressem os sentimentos de seus autores, porém sem se deter na visão particular de nenhum deles. O foco é o resultado, não a promoção e reconhecimento público dos autores. Claro que as novas tecnologias de informação e comunicação não poderiam ficar de fora deste movimento, e já há alguns anos vários grupos estão engajados para usar tudo o que a Web 2.0 tem para oferecer.

Dando continuidade à nossa série de reportagens sobre livros eletrônicos, resolvi destacar a proposta que reuniu 1.500 pessoas para escrever um livro, coletivamente e online. No início de 2007, a editora Penguin Books, em parceira com a Universidade De Monfort, criou o projeto "A Million Penguins", um romance que seria escrito de forma colaborativa. Pouco mais de um ano depois de iniciado o projeto, a editora falou sobre os resultados, relatando uma experiência interessante, mas que não deverá se repetir. Ao menos por lá.

"Foi a melhor coisa que eu já fiz... mas nunca farei de novo", disse Jeremy Ettinghausen, da Penguin Books, em uma suave crítica ao resultado do projeto. Foram 1.500 pessoas escrevendo, reescrevendo, reeditando, revisando e dando palpites no livro, que possui mais de 100 capítulos. A idéia do projeto era saber se seria possível escrever um livro interessante em um website , em tempo real. Entretanto, por ser um wiki, o projeto foi "atrapalhado" por vândalos desde o primeiro dia, o que colaborou em muito para o resultado final ruim. O site Geeks are sexy disponibilizou o parágrafo inicial do livro, considerado confuso:

"As águas profundas, negras como tinta, começaram a inchar e retornar em uma distância incerta. Um misto de sensações ruins acinzentadas escureciam o horizonte. A extensão do oceano pareceu escurecer-se em desaprovação. A batida das marés faziam barulhos agonizantes e descontentes. O oceano pulsou com uma força amedrontadora e vital. Embora difícil de acreditar, existia vida nesse local. Seu abdômen infinito estava cheio de vida, uma monstruosa coleção de partes tóxicas, tentaculosas e gosmentas. Debaixo da superfície, estavam os restos de incontáveis almas. Mas nós tínhamos ousado viajar através dele. Alguns nunca foram corajosos o suficiente para explorar suas profundidades aveludadas e sombrias, seu precioso ar..."

O projeto será utilizado para um estudo sociológico sobre uma interação completamente documentada entre mais de mil aspirantes a autor. A Universidade de Monfort publicou uma análise também, na qual estudaram as ações do editor mais ativo, "Pabruce", descrevendo suas relações com outros editores, e supondo seus motivos".

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Martelada do Dia: A proposta de criação dos blogs, podcasts e videocasts das diversas disciplinas da UniFOA segue um caminho paralelo ao deste projeto de livro coletivo. A diferença está no fato de que os alunos irão construindo a inteligência coletiva de cada grupo, com as postagens de cada membro, e essa interação e visibilidade farão com que todos - de todos os grupos e de todas as turmas - comecem a refinar suas idéias, organizar seus pensamentos e, como conseqüência, projetar de forma mais eficiente.

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