quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Série Especial - Brasil, o País do Presente (28): Evento no Brasil discutirá fronteiras da computação




Evento no Brasil discutirá fronteiras da computação
Na primeira semana de novembro, em São Carlos (SP), uma centena de estudantes brasileiros e estrangeiros terá a oportunidade de interagir com alguns dos principais especialistas do mundo em spintrônica e computação quântica - áreas emergentes que, além de já terem permitido uma revolução na capacidade de processamento e miniaturização de computadores, englobam um vasto número de questões na fronteira do conhecimento na física.
A Escola São Paulo de Ciência Avançada em Spintrônica e Computação Quântica será realizada entre os dias 1º e 5 de novembro pelo Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da Universidade de São Paulo e pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). O evento será organizado no âmbito da Escola São Paulo de Ciência Avançada (ESPCA), modalidade lançada pela FAPESP em 2009.

De acordo com o coordenador do evento, José Carlos Egues, professor do Departamento de Física e Informática do IFSC-USP, participarão 50 alunos brasileiros e 50 estrangeiros, que passarão por um processo de seleção.
"Os temas da spintrônica e da computação quântica serão tratados em seu sentido mais amplo, englobando áreas que vão de semicondutores à óptica quântica. Teremos uma escola de altíssimo nível, com participação de alguns dos maiores expoentes nessas áreas", disse à Agência FAPESP.
Além de Egues, participam do comitê organizador do evento os professores Guilherme Sipahi e Esmerindo Bernardes, também do IFSC-USP, e Adilson Aparecido de Oliveira e Yara Gobato, da UFSCar.

A spintrônica é uma tecnologia emergente envolvida no aumento do poder de processamento e na miniaturização dos componentes computacionais nos últimos anos, ajudando, por exemplo, a contornar dificuldades relacionadas ao aquecimento e consumo de energia nesses dispositivos.
"Na eletrônica tradicional o funcionamento dos dispositivos é baseado na passagem ou não de corrente, que depende da carga dos elétrons. Já na spintrônica, em vez da carga elétrica é o spin, momento angular intrínseco do elétron (spin significa "giro" em inglês) que liga ou desliga os dispositivos. O uso do spin, ao contrário das cargas elétricas que colidem produzindo calor, gera menos energia. As consequências disso são enormes para os processadores", explicou Egues.
A spintrônica nasceu em 1988, com a descoberta da tecnologia conhecida como magnetorresistência gigante (GMR, na sigla em inglês), que rendeu o prêmio Nobel de Física de 2007 ao francês Albert Fert e ao alemão Peter Grünberg. A presença já confirmada de Grünberg será justamente um dos principais destaques da ESPCA, de acordo com Egues.
"A tecnologia GMR é responsável por termos hoje os discos rígidos de alta densidade. Certamente os estudantes terão muito a aprender com Grünberg durante o curso. Além dele, teremos a participação de Stuart Parkin, da IBM, que foi responsável por fazer com que a tecnologia GMR fosse transformada em produto. A descoberta foi feita em 1988 e em 1997 a tecnologia já estava nos computadores pessoais", disse Egues.
Além do armazenamento de dados, a spintrônica poderá ser aplicada aos semicondutores e à criação de processadores para computadores quânticos. Entre as temáticas relacionadas à área de computação quântica um tópico importante será a óptica quântica. Para isso, a escola terá a participação de pesquisadores como Luis Davidovich, do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e Peter Zoller, da Universidade de Innsbruck (Áustria).

"A ideia é orientar os participantes a lidar com o processo de publicação científica. Já realizamos esse evento em São Carlos e ele foi muito bem recebido pela comunidade científica", disse Egues.

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