terça-feira, 16 de março de 2010

Série Especial - A Dimensão Humana (03): Trabalhando com a memória



Quem já passou dos 40 anos sabe que a memória já não funciona tão bem como "no antanho". Vida saudável, boa alimentação, exercícios regulares, leitura e outras práticas podem ajudar a melhorar a qualidade desta função importantíssima do nosso cérebro.

O post de hoje vai abordar algumas soluções pouco conhecidas e que podem dar excelentes resultados. Mesmo que você ainda não tenha dobrado o "Cabo da Boa Esperança", vale a pena ler e praticar.

Memórias podem ser reforçadas enquanto dormimos
Mesmo durante o sono mais profundo, nossa mente não se desliga por completo e é de fato possível consolidar e reforçar nossas memórias de forma dirigida enquanto dormimos.
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Esta é a descoberta surpreendente feita por cientistas da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, e que foi publicada na prestigiada revista Science. A pesquisa do Dr. John Rudoy, professor de neurociências e um dos autores do estudo, sugere fortemente que nós não desligamos nossas mentes durante o sono profundo. Ao contrário, o sono profundo é um momento importante para consolidarmos nossas memórias.

A pesquisa demonstrou também que sons emitidos durante os períodos de sono profundo chegam ao cérebro e melhoram as memórias associadas depois que a pessoa acorda. Os 25 sons apresentados durante o sono dos voluntários eram lembretes associados com uma aprendizagem espacial prévia. Nenhuns deles revelou lembrança consciente dos sons depois que acordaram, mas os sons alteraram sua capacidade de recuperar o aprendizado anterior.
Ao acordar, os testes mostraram que as lembranças da memória espacial tinham mudado. Os participantes foram mais precisos em arrastar um objeto para o local correto na tela do computador para as 25 imagens cujos sons correspondentes foram apresentadas durante o sono (como uma explosão abafada por uma foto de dinamite) do que para outros 25 objetos.
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Ainda mais significativo, a pesquisa mostrou que os sons podem penetrar na mente durante o sono profundo e serem utilizados para dirigir a recuperação de informações específicas, reforçando a consolidação das memórias em uma direção em detrimento de outra.
Ken Paller, coordenador do estudo, disse que enquanto dormem, as pessoas podem processar tudo o que aconteceu durante o dia - o que comeram no café da manhã, os shows de televisão que assistiram, qualquer coisa. Ele decidiu quais memórias os voluntários ativariam, orientando-os para reforçar algumas das posições que tinham aprendido uma hora antes de ir dormir.
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O estudo dá um novo impulso a uma área com um número crescente de pesquisas que vem mostrando que as memórias são processadas durante o sono, dando novos fundamentos a uma literatura científica que mostra que o cérebro fica muito ocupado enquanto dormimos.
O cérebro fica repassando informações recentemente adquiridas e integrando-as com outros conhecimentos, em um processo de consolidação ainda misterioso, mas que dá sustentação às nossas memórias quando estamos acordados.
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Essa comprovação na verdade abre novos caminhos de pesquisa, que poderão focar questões mais intricadas, como saber se é possível aprender coisas novas durante o sono ou apagar memórias indesejadas, geradas por traumas, entre várias outras possibilidades.

Suas memórias ficam guardadas mesmo que você não se lembre delas
Uma nova pesquisa feita da Universidade de Irvine (EUA) sugere que sua memória sobre qualquer evento está em alguma parte do seu cérebro, mesmo que você não consiga acessá-la.
Usando técnicas avançadas para fazer imagens do cérebro, os cientistas descobriram que a atividade cerebral de uma pessoa quando ela se lembra de um evento passado é muito semelhante à atividade que ocorre quando ela passa por uma experiência pela primeira vez. Isto é verdade mesmo quando a pessoa não consegue se lembrar de detalhes de uma experiência passada.

Observando as imagens, os cientistas verificaram que os padrões de toda a cena anterior reaparecem no cérebro, mesmo que a pessoa não esteja consciente dos detalhes. Ou seja, a pessoa afirma não se lembrar, mas o "cérebro está se lembrando."
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Unindo o resultado dessas duas pesquisas, será possível criar uma inovação que combinará o aprendizado durante o sono com a recuperação de partes da memória que não conseguimos acessar quando desejamos. Além de ter fortes implicações nas áreas de Educação e Saúde, essa inovação poderá impactar também o futuro profissional da humanidade.
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Afinal, não seria nada mal aprendermos a pilotar um helicóptero como fez a Trinity em Matrix, não é mesmo?

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