sábado, 24 de outubro de 2009

Série Especial - A Onda: parte três - Tv Digital e Banda Larga

O post de hoje, bastante longo, traz dois assuntos que interessam bastante aos profissionais que usam a Internet para seus projetos. Vamos ver o que anda acontecendo e tentar avaliar o impacto potencial dessas mudanças e o que ainda precisamos que seja feito, para que a mudança seja interessante para o público e não apenas para as empresas de sempre.

TV Digital
Um ano e dez meses após o início da implantação do sistema digital de televisão no Brasil, o ministro Franklin Martins, da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, avaliou os resultados como positivos. Ele reconheceu, no entanto, que o processo de adesão da população ocorre lentamente. E bota lentamente nisso. "Essa migração é mesmo demorada, até porque tem um custo para as pessoas, que têm que comprar um conversor ou um novo aparelho de TV. Nos Estados Unidos, a migração aconteceu em dez anos", disse.

O distinto funcionário público não concursado só esqueceu de citar que boa parte dessa lentidão se deve à adaptação do modelo de negócios que as emissoras de tevê e as agências de publicidade terão que se submeter, conforme vimos no post anterior desta série.

Segundo dados do Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital, o sinal está disponível apenas para 24 cidades, onde, até agosto, foram vendidos 1,6 milhão de conversores, TVs integradas, receptores para computador e telefones celulares que recebem o sinal digital.

Eu penso que teria sido mais inteligente se, ao invés de lançar o produto sem ter conteúdos interativos disponíveis em quantidade significativa, fosse gasto um pouco mais de tempo na implantação e estimulado as produtoras a gerar programas interessantes. Aí o público teria mesmo algo quente para usufruir.

Mas estou interessado é em saber como vai ficar a questão da IPTV e do acesso à Internet pela Tv Digital. É por aí que uma certa revolução vai acontecer. Por enquanto, ao que parece, prevalece o acordo manipulativo de que só empresas com contratos governamentais de rádio difusão poderão ter canais de IPTV (nada surpreendente), mas penso que os internautas, que desde sempre estão acostumados a dar nó em fumaça, vão conseguir driblar essa barreira rapidinho.

Pesquisador brasileiro cria modelo para TV digital educativa
O jornalista Francisco Rolfsen Belda, que atua como pesquisador da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP, desenvolveu um modelo de referência para produção de conteúdo educativo de forma interativa em TV digital.

O projeto foi criado visando a implantação do modelo em canais educativos e universitários, onde estão sendo desenvolvidos boa parte dos projetos com ensino a distância. Mas na prática, qualquer canal pode usar esse modelo, que contém uma série de mapas conceituais, tabelas, gráficos e quadros aplicáveis como referências em um projeto de programação educativa e interativa para a TV digital brasileira.

O modelo proposto não é fechado e sim uma espécie de roteiro que profissionais de mídia podem consultar para montar sua programação, com diretrizes para interação entre diversos tipos de mídias, tais como vídeo, áudio, imagem, texto e animação. Dentre elas, o vídeo é o carro-chefe da pesquisa, fazendo com que a interatividade como enquetes, glossários e sequências de imagens tenham como ponto de partida o vídeo.

É possível, por exemplo, que uma videoaula ou uma palestra possa se interrompida pelo usuário em qualquer momento seja para consultar um glossário, responder uma série de perguntas propostas pelo professor ou apresentador ou outras atividades correlatas. O modelo não foi planejado visando a tecnologia utilizada atualmente, para que não corra o risco de ficar obsoleto em pouco tempo e um dos fatores limitantes é a ausência do chamado "canal de retorno", que permite ao telespectador interagir e participar diretamente da programação, enviando seus próprios vídeos, perguntas, respondendo a enquetes, entre outros.

Um outro problema apontado são os controles remotos que ainda não são projetados para atender a todas as demandas possíveis, como por exemplo preencher um formulário. Para contornar essa questão, pode ser utilizado algum tipo de joystick, comandos de voz ou teclados virtuais.

O pesquisador sugere como solução para o problema da interação entre o espectador e a programação, a utilização de um modelo híbrido "transmídia" que convergisse internet, tv e celular. Para testar a usabilidade do modelo, Belda desenvolveu o protótipo de uma fábrica virtual interativa, navegável pelo controle remoto, voltada para os estudantes de Engenharia de Produção da EESC, onde o usuário encontra diferentes vídeos e complementos relacionados a temas da área.

Sobre a produção de conteúdo, o pesquisador aponta que o projeto desenvolvido ultrapassa a idéia do modelo um para muitos, onde poucas emissoras produzem grande parte do conteúdo da televisão, para o modelo muitos para muitos, onde qualquer grupo possa participar. Assim, alguns alunos e um professor poderiam produzir sozinhos suas videoaulas e/ou outros conteúdos disponíveis para esses canais.

É justamente isso que deixa os executivos das emissoras de cabelos em pé, pois tal o que aconteceu no mercado fonográfico, esse segmento de mídia vai sofrer sérios revezes, bem como as agências de publicidade, que gerenciam contas milionárias para apresentar produtos que, via de regra, não valem um décimo do que é cobrado ao cliente...


Banda Larga
Completando o ciclo relacionado a este post, vamos falar da banda larga, o canal especial que nos proporcionará o acesso a várias mudanças.

No início de outubro, presidentes das cinco maiores operadoras de telefonia do País estiveram reunidos com o ministro das Comunicações, Hélio Costa. Na ocasião, o governo federal pediu às empresas que apresentem, em até 30 dias, proposta de participação do Plano Nacional de Banda Larga.

O ministro cobrou ainda a cooperação das teles que operam no País os serviços de telefonia fixa e móvel para ampliar o serviço de acesso à internet nas cidades brasileiras.

Por decisão do presidente da Ré-Pública, diversos ministérios e órgãos governamentais estão trabalhando na elaboração de um projeto e a participação da iniciativa privada é decisiva para ampliar a infraestrutura de telecomunicações no Brasil. O ministério avalia que serão necessários investimentos superiores a 10 bilhões de reais para a implementação do Plano Nacional de Banda Larga.

As empresas aceitaram trocar algumas das obrigações do Plano Geral de Metas de Universalização (PGMU) pela garantia da conexão de banda larga à internet em 50 mil escolas públicas até o final de 2010. Hoje são 30 mil escolas públicas conectadas na área urbana.

Um ponto que me chama a atenção é, pelo menos aqui no Rio de Janeiro, a implementação de banda larga wireless gratuita. Por enquanto, está favorecendo mais os turistas que ficam na praia de Copacabana e as favelas. Quero ver quando é que o cidadão comum - aquele segmento enorme da população que é feito de trouxa e paga as contas desta farra toda - vai ter acesso a esses serviços usufruindo do custo zero...


Planejamento volta a defender rede pública de banda larga
O secretário do Ministério do Planejamento, Rogério Santanna, defendeu o projeto de criação de uma rede pública de banda larga utilizando a infraestrutura de fibra óptica da falida Eletronet e de outras empresas do setor elétrico.

Esta é uma das propostas que vêm sendo discutidas no governo como alternativa para viabilizar um plano nacional de banda larga, que incetivaria a concorrência no setor de telecomunicações e permitiria a oferta de serviços de banda larga a regiões do País onde ainda não há. Essa rede poderia ser usada, inclusive pelas próprias operadoras de telecomunicações, que precisam ampliar a capacidade de transmissão para atender à demanda por seus serviços.

Este projeto vem sendo criticado por especialistas do setor, que dizem que não cabe ao governo criar e gerenciar uma rede de telecomunicações, mas sim oferecer serviços de e-gov para a população que utilizem essa infraestrutura. Santanna argumenta que não há porque deixar deixar de usar uma infraestrutura pública, que já recebeu investimento para ser criada (a rede de fibra óptica das empresas elétricas soma 31 mil quilômetros) e que permite alcançar 4.200 municípios com acesso via rádio na ponta final, com um investimento de cerca de 1,3 bilhão de reais e economizaria parte dos 850 milhões de reais gastos pelo governo com serviços de comunicação.


Oferta de banda larga popular da Vivo chega antes do Natal
A oferta da operadora Vivo de banda larga de 30 reais deve chegar aos consumidores até o final do ano. Esta medida já vinha sendo discutida pelo setor com o governo do Estado e a grande questão fica em torno do modem, que se for totalmente subsidiado deverá de prever um período de fidelidade.


Oi defende parceria público-privada para banda larga nacional
O presidente da Oi, Luiz Eduardo Falco, afirmou que um plano nacional de banda larga deve ser resultado de um esforço conjunto do governo e da iniciativa privada. Na análise do executivo, o modelo que faz mais sentido é a soma da infraestrutura de comunicações da iniciativa privada, que totaliza 200 mil quilômetros em todo o País, e da rede do governo, que totaliza cerca de 17 mil quilômetros. Já o governo defende que o plano nacional de banda larga seja feito por meio da infraestrutura da Eletronet.

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