quarta-feira, 16 de setembro de 2009

TV Digital: estamos preparados?

Este artigo foi escrito pelo Cezar Taurion, gerente de novas tecnologias da IBM, a quem tive o prazer de conhecer no ano passado ao convidá-lo, em nome do professor Carlos Valente, para palestrar no Congresso Second Life e Web 2.0 na Educação, que realizamos aqui no Rio de Janeiro.

Aproveitando que ontem postei mais uma edição do meu videocast em machinima, penso que o texto a seguir é excelente para uma reflexão, não só dos profissionais ligados aos temas aqui abordados, mas também pelo público em geral, que será o consumidor desta nova mídia.

Tomo a liberdade de publicar o texto na íntegra, citando a fonte: http://computerworld.uol.com.br/tecnologia/cezar_taurion/idgcoluna.2009-09-11.0569191699/ . Os grifos são meus.


Grande revolução não está na definição da imagem, mas na interatividade e na criação da verdadeira indústria de TV.com.

A tecnologia digital e seus recursos de interatividade ocasionarão uma profunda mudança nas possibilidades de exploração da TV Digital Terrestre e na maneira com a qual o público se comporta perante este veículo. A tecnologia digital e a interatividade provocarão uma grande transformação na história da televisão brasileira, quebrando o paradigma da televisão analógica, de unidirecionalidade de informação e da passividade do telespectador.

A TV digital não deve ser interpretada de maneira simplista, apenas como uma televisão que passa a oferecer imagens de alta definição e em telas planas de 40 polegadas. A alta definição é apenas um dos atributos desta nova televisão.

Além de oferecer uma melhor qualidade de imagem e som, ela também permite um aumento no numero de canais, pois ocupa menos espaço na banda de freqüência. Mas a grande revolução estará na interatividade, na criação de uma verdadeira indústria de TV ponto com. E as inovações da TV digital interativa serão geradas principalmente pela indústria de software. A TV digital interativa é composta, principalmente, por software.

A TV digital é a combinação da televisão como a conhecemos e das tecnologias de Internet, que permitirão entregar um mix de programação, acesso a Web (aberto ou restrito), shopping online (chamado de t-commerce), t-banking, acesso a informações e serviços aos usuários de TVs.

A digitalização da transmissão dos sinais derrubará as barreiras entre TV e Internet, acelerando a convergência entre estas duas indústrias. A TV digital interativa permitirá a implementação de um grande número de serviços inovadores na área de educação e saúde, por exemplo, que aumentarão o grau de inclusão social e democratização da informação.

A TV digital será, tanto um canal para a Internet quanto um meio interativo à televisão, permitindo que o usuário influencie programas, realize chats, compre produtos e utilize jogos relativos a programas gerados. O seu mote básico será que, ao invés de "vermos" TV, vamos "usá-la". A televisão deixará de ser um meio passivo para se tornar ativa e interativa.

Esta mudança de poder, das emissoras para o consumidor, será a raiz das transformações na indústria do entretenimento.

Mas, além da interatividade, a TV digital permitirá a mobilidade e a portabilidade, possibilitando que os sinais digitais sejam recebidos em um televisor dentro de um veículo (trens ou ônibus de turismo) ou até mesmo em celulares. Entretanto, o pleno potencial da TV digital e interativa ainda não é conhecido. Como acontece com qualquer nova tecnologia, há uma tendência de superestimarmos seu potencial a curto prazo e subestimarmos seus impactos a longo prazo.

Na realidade brasileira, em função do baixo poder aquisitivo de grande parte da população, será necessário adotar tecnologias baseadas em “set top boxes”, uma vez que a compra dos caros televisores digitais estará restrito a uma pequena parcela da sociedade. O set-top-box é um computador que atua como equipamento-cliente em uma rede cliente-servidor. Ele é o componente que faz a comunicação de canal de retorno entre o televisor e a rede, por qualquer meio, de linha telefônica à tecnologia de Power Line Communication, que utiliza a rede elétrica para viabilizar o acesso à Internet.

No Brasil, o padrão de middleware do set-top-box é o Ginga, projeto desenvolvido por universidades brasileiras, com destaque para os trabalhos da PUC do Rio de Janeiro e da UFPB, na Paraíba. Enfim, as oportunidades estão aí e as futuras aplicações estão aguardando por desenvolvedores.


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