sábado, 11 de abril de 2009

Mundos Virtuais serão a Tv do futuro

Tenho participado de reuniões de projetos conectados com a Tv Digital que, dizem as lendas, algum dia irá funcionar de verdade aqui no Brasil. O ponto principal, que atrai a atenção de todos os participantes, é justamente a possibilidade da pulverização da criação de conteúdo devido a “interferência” dos usuários no processo, e a alta segmentação, assim como já acontece nos blogs, que criaram uma nova forma de se produzir e adquirir notícias.

Há cerca de quinze anos eu fui editor de revistas de RPG e sei bem da dificuldade de atingir o público-alvo, seja pelos altos custos de produção e distribuição, seja pelos entraves que obstruem o ingresso de novos entrantes no mercado.

Com a criação da blogosfera isso mudou, a despeito dos esforços que a mídia tradicional fez para desacreditar os blogueiros até que percebesse o inevitável e absorvesse este novo perfil profissional. Espera-se algo semelhante quando da criação da nova “sfera” que vai abrigar as TVs do futuro.

Claro que ninguém duvida que quando a porteira se abrir, vai ser aquela enxurrada de produções falando sobre tudo. A maioria terá qualidade baixa, inferior ao que estamos acostumados a ver em Tv a Cabo (já que a TV aberta é tão ruim, nem me digno a incluir no exemplo), mas um segmento significativo poderá competir com a mídia televisiva tradicional, vencê-la e transformá-la.

Lembrem-se de que sempre que houver opções, as pessoas irão escolher aquilo que mais lhe interessa e o padrão de qualidade de algo aprovado pelo público acaba influenciando tudo ao redor, obrigando o “nível geral” a subir junto.

Na hora que a Internet for navegável pela TV vai ser aquele diabo-nos-acuda, algo que as grandes redes tentam evitar a todo custo, inclusive manipulando para que só seja permitida a licença de um IPTV para quem já tem a concessão do governo para difusão através de canais de televisão.

Uma manobra sem vergonha, porém previsível. Previsível e inútil, pois se o meu site aparecer na televisão, sendo ele IPTV ou não, eu darei um jeito de você, fã das minhas produções, receber o que faço na melhor qualidade possível e fique satisfeito.

E la nave va...

Enquanto isso não acontece, existem milhares de produções alternativas (conceito antigo, que vem sendo reescrito a cada dia, conquistando nobreza e notoriedade) que arrebatam legiões de fãs. O próximo passo em termos de entretenimento, segundo a revista Época da semana passada, são as webséries, episódios de curta duração, altamente segmentados, onde a história prevalecerá às pirotecnias e que serão disponibilizados através da Internet, a maioria contando com algum tipo de atividade interativa associada.

Algumas produções já estão sendo geradas em HDTv, que permite a difusão por outros meios, em maior qualidade do que aquela usualmente encontrada na Internet.

Outra vertente que vem se consolidando junto ao público (jovem, especialmente) são as produções em machinima, filmes gerados dentro de mundos virtuais e ambientes de jogo (criei essa diferenciação para diminuir a confusão). Iniciado como uma brincadeira de gamers em seus jogos preferidos, o gênero vem crescendo em número de produções e qualidade e proporcionou o surgimento de canais de WebTV com produções próprias voltadas para o público que freqüentam estes ambientes.

Para se ter uma noção do que acontece hoje, basta visitar o portal Machinima ou fazer uma busca no YouTube sobre a tag “machinima”.


Algumas palestras da conferência Virtual Worlds Best Practices in Education foram retransmitidas pela SLCNSecond Life Channel Network, que possui shows e programas sobre diversos assuntos e promete inaugurar um novo canal em julho deste ano, fato que deve se repetir também aqui no Brasil, criado por designers, videomakers e gamers brasileiros.

Um dos segmentos que deve se utilizar bastante deste tipo de produção é a Educação, conforme foi bastante mostrado na conferência e a SLCN vem sendo considerado um importante passo rumo à televisão virtual.

Uma das palestras transmitidas do metaverso foi a do professor Tom Boellstroff (Tom Bukowski no Second Life), do Departamento de Antropologia da Universidade da Califórnia e autor do livro Coming of Age in Second Life: An Anthropologist Explores the Virtually Human.





Acima, a capa do livro de Boellstorff e uma imagem de seu avatar



O importante é que os novos produtores de conteúdo sejam capazes de entender que nos mundos virtuais e nas demais redes sociais, o novo paradigma não está mais focado em “ver algo”, atitude passiva a que nós, nossos pais e avós nos acostumamos desde os tempos das rádio novelas.

A nova proposta é “fazer algo”, daí a insistência na questão da interatividade, de manter o público antenado e interessado, oferecendo aquilo que ele quer, não o que o mascate ilusionista deseja que queira. Os comerciais como conhecemos serão banidos, pois ninguém está mais a fim de ouvir aquele chato das Casas Bahia ficar gritando freneticamente a bagulhada que está em promoção “só amanhã!”.

Apesar das corporações estarem se esforçando para acabar com a idéia de História, Autor e Indivíduo, a Internet vem demolindo cada vez mais essas barreiras. O consumidor 2.0 (ou 3.0) quer algo que atenda aos seus interesses. Não atendeu, bye, bye!

Resta agora aos mundos virtuais continuar seu crescimento, pensando numa forma de se tornar amigável a um número cada vez maior de usuários. Desta forma, seu sucesso e consolidação estarão garantidos.

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