quinta-feira, 7 de abril de 2011

Quinta Dobrada (04): Kinnect em 1995 & Jovens empreendedores

O post de hoje é um pouco longo, mas reflete bem algumas situações que buscamos apresentar por aqui.  E serve também para calar aqueles boco-moucos que ficam latindo (me perdoem os cachorros!) que os brasileiros são um povo preguiçoso, incompetente et cetera.

Sigam o exemplo e façam vossas maravilhas acontecerem!!!

Ele pensou o Kinect...em 1995
Claudio Pinhanez, cientista brasileiro e PhD pelo MIT, testou o sensor na década de 90. “Se o custo dessa tecnologia fosse mais baixo, provavelmente teríamos lançado o aparelho na época”, diz.  O Kinect veio ao mundo graças a um brasileiro, o engenheiro Alex Kipman. O curioso é que há 15 anos Pinhanez fazia experiências muito similares no laboratório do Massachusetts Institute of Technology (MIT), renomada universidade americana, berço de grandes invenções.

O sensor de movimento não é novidade para a comunidade científica, que estuda a tecnologia desde os anos 70. O conceito é pesquisado por especialistas da área de visão computacional e chegou a ser testado (como mostra o vídeo a seguir) em meados da década de 90. Pinhanez é cientista da IBM e PhD pelo MIT. As primeiras experiências no que viria a ser o “avô do Kinect”, conta, exigiam um computador no valor de 200.000 dólares. Ele destaca, no entanto, que a reação das pessoas ao interagirem com o acessório do Xbox 360, nos dias de hoje, é exatamente a mesma testemunhada ao longo de sua pesquisa no passado. “Estou vendo no mercado muitas das coisas que observamos em 1995. Não mudou nada!”, diz.

Entusiasta das novas tecnologias, o especialista afirma ainda ter desenvolvido uma das primeiras plataformas de blog da web. Para se comunicar com os demais pesquisadores da universidade, Pinhanez criou um sistema simples, ainda sem o recurso dos comentários, capaz de permitir a publicação de mensagens de texto em tempo real. Nostálgico, lembra do feito: "Fui o primeiro a criar um diário on-line”.

Como foi desenvolvida a tecnologia de sensores de movimento, utilizada atualmente no Kinect, por exemplo?

No MIT trabalhei com questões ligadas à tecnologia para a percepção humana, principalmente visão computacional. Criávamos interações através de câmeras que, acopladas a um computador, informavam ao sistema a posição e a atividade de pessoas monitoradas por elas. Quando minha sobrinha ganhou um Kinect, percebi que o equipamento fazia exatamente o que testávamos em 1995. A diferença é que na época era necessário uma computador de 200.000 dólares para processar o movimento captado pelas câmeras e repeti-lo na tela. Para se ter uma ideia, uma câmera como a usada no Kinect custava algo em torno de 15.000 dólares nos anos 90. Se o custo dessa tecnologia tivesse baixado, provavelmente teríamos lançado o sensor naquela época.


Assista a seguir ao vídeo de uma experiência realizada no MIT com o protótipo:



E o conceito do sensor de movimento já existia?
Sim. Esse conceito existe desde 1970, quando um pesquisador construiu um hardware só para isso. É claro que a ideia não era viável na época.


O Kinect permite a interação do homem com a máquina por meio dos sensores. Essa conexão deve aumentar?
Essa é a história do homem. Estamos cada vez mais conectados aos dispositivos tecnológicos. O computador é uma extensão do nosso cérebro, assim como os óculos são extensões dos nossos olhos. Atualmente, meu conhecimento está armazenado em três lugares: no meu cérebro, no meu laptop e no meu caderno de anotações. É uma grande bobagem gastar os meus neurônio para guardar coisas que ficam melhor armazenadas em uma máquina.


O senhor ainda usa um caderno de anotações?
Eu uso um bloco, porque a interface para fazer alguns tipos de anotações ainda não é boa o suficiente no computador. O bloco me permite preservar a cronologia das minhas ações e pensamentos.


O senhor já foi premiado por obras artísticas que permitem a interação homem-máquina. Em sua opinião, a literatura vai mudar com livros e leitores digitais?
O romance, por exemplo, é uma narrativa linear e funciona bem no formato livro. Isso não vai mudar. O que surgirão serão novos gêneros literários, como o blog, que possui uma linguagem e uma estética próprias, que jamais poderão ser adaptadas para um livro. Pouca gente sabe, mas o primeiro diário on-line foi desenvolvido por mim, em 1994, no MIT. Foi uma experiência muito interessante, embora ainda não tivéssemos suporte para inserir um campo de comentários. Eu interagia com os leitores, a maioria do MIT, por e-mail.


Em que projeto da IBM o senhor trabalha atualmente?
Quando comecei a pesquisar a relação homem-máquina lá no MIT, o computador era algo isolado do mundo. Com a internet, essa ideia desapareceu. Ao longo desse processo ocorreu algo que ninguém imaginava: a maneira como as pessoas passaram a interagir umas com as outras e com a informação mudou e empresas de serviços passaram a funcionar como mediadoras dessa comunicação. O Google é um bom exemplo. Eles prestam serviços, como e-mail e buscas. Por trás do gigantesco parque de servidores há pessoas comandando esse sistema. Trata-se de um sistema humano-computacional. Aqui na IBM pesquiso essa relação homem-máquina para evitar que sistemas travem a relação com o consumidor.


Qual tecnologia mudará nossa forma de enxergar o mundo daqui a, digamos, vinte anos?
Não sei se isso acontecerá nos próximos vinte ou trinta anos, mas tenho visto pesquisas fascinantes lá no MIT. Atualmente, as coisas são construídas através de processos físicos e químicos, mas o mundo mudará radicalmente quando processos biológicos forem utilizados na construção de coisas. Será possível comprar uma planta que produza fibra de carbono. Tudo isso funcionará através da programação de células. No futuro, teremos um organismo trabalhando para criar materiais e elementos.


Essas pesquisas já estão sendo feitas?
Um professor de lá já está tocando essa pesquisa. Claro que tudo ainda está muito no início. Pode parecer surreal, mas em 1970 era loucura dizer que três computadores em todos os Estados Unidos poderiam ser conectados através de uma rede. Já chegamos ao limite na informática. A próxima barreira é fazer com que sistemas humano-computacionais funcionem de forma mais orgânica.





Como pensam e agem os jovens empreendedores
Brincar de boneca, jogar bola e ir à escola. Essa é a rotina da maior parte das crianças. Mas algumas deixaram os brinquedos de lado para fazer tarefas de gente grande. “Muitas crianças são empreendedoras e não sabem disto”, diz Nick Tart, que entrevistou jovens empresários de sucesso para o livro 50 Interviews: Young Entrepreneurs – What it Takes to Make More Money than Your Parents (50 Entrevistas: Jovens Empreendedores – Como fazer mais dinheiro do que seus pais), ainda sem previsão de publicação no Brasil.

Além de algum dinheiro na conta, todos os jovens têm características em comum – “trabalho duro, perseverança, apoio, ingenuidade e paixão”, explica Tart. Mas, para ele, o segredo do sucesso está naquilo que eles têm de único, diferente.  Tart gosta de citar a história do brasileiro Joe Penna. Pouco falado no Brasil, o jovem é famoso na web com vídeos e conhecido como MysteryGuitarMan. O que começou como brincadeira acabou virando negócio. “Ele cuida do sexto canal com mais assinaturas no YouTube. Sua comunidade com 1,6 milhão de fãs é impressionante”, conta.

Em entrevista a EXAME.com, Tart fala sobre como essas crianças conseguiram chegar tão longe e, antes dos 18 anos, ganhar mais do que os próprios pais.

EXAME.com – Há um padrão de comportamento entre as crianças que empreendem?
Nick Tart - Com certeza existem similaridades impressionantes: trabalho duro, perseverança, apoio, ingenuidade e paixão. Mas eu fiquei ainda mais surpreso em perceber como cada um deles tem características e perspectivas muito únicas. Conversar com essas crianças me fez abrir os olhos. Elas são incrivelmente motivadas e maduras, mas normais ao mesmo tempo. Na primeira vez que escutei falar sobre esses jovens empreendedores, eles pareciam maiores do que na vida real – como celebridades nos jornais e na TV – mas a verdade é que eles são crianças normais que fazem as coisas de um jeito um pouco diferente.


EXAME.com – Há também uma similaridade em como esses negócios começaram?
Tart - Muitos começam como simples trabalhos. Ben Weissenstein fundou o Grand Slam Garage Sales depois de ajudar sua mãe com as vendas de garagem aos 14 anos. Hoje, ele está abrindo franquias em vários estados e aparecendo na televisão. Outras crianças começaram vendendo coisas para os amigos na escola – de tudo, desde chiclete até figurinhas do Pokémon.


EXAME.com – Quais são as principais lições que se pode tirar dessas histórias?
Tart – A gente nota a importância de ter ação. A principal diferença entre os jovens que estão no livro de todos os outros no mundo é que eles acreditaram tanto nas ideias que foram capazes de colocá-las em prática. O fato de terem começado tão jovens fez com que eles conseguissem ver os erros mais cedo, aprender com eles e ter sucesso a partir disto.


EXAME.com – De onde veio a ideia de entrevistar esses jovens empreendedores?
Tart - Muitas crianças são empreendedoras e não sabem disto. Eles começam com pequenas barracas de limonada ou pães para conseguir um dinheiro extra. Eu, pessoalmente, comecei um negócio de cortar grama quando eu tinha 12 anos. Isso abriu meus olhos para o que os jovens são capazes de fazer como empreendedores. Quando fiquei mais velho, fui para a faculdade e deixei o negócio de lado, mas continuei ouvindo histórias de adolescentes que ganharam dinheiro com seus próprios sites e empresas.

No verão de 2009, conheci um editor local e contei sobre a ideia de entrevistar os principais jovens empreendedores do mundo para um livro. Ele gostou. A próxima coisa que fiz foi recrutar meu melhor amigo, Nick Scheidies, para me ajudar a escrever e editar o livro. Nossa primeira entrevista com Emil Motycka, um garoto que construiu um império de seis dígitos cortando grama na cidade de Longmont, no Colorado.


EXAME.com – E como foi feita a seleção?
Tart - Nós tentamos reunir os jovens empreendedores de maior sucesso no mundo. A primeira vez que ouvi falar na fortuna da jovem de 20 anos Catherine Cook’s, do MyYearbook.com [uma rede social parecida com o Facebook], eu sabia que teríamos que entrevistá-la. Mas o dinheiro não foi o único fator. Algumas pessoas que entrevistamos foram selecionadas pelo tamanho dos seus erros. O Andrew Fashion [que criou uma empresa de desenvolvimento para internet], por exemplo, conseguiu 2,5 milhões de dólares aos 21 e perdeu tudo aos 22. É uma história inacreditável. Agora, é claro, ele está voltando ao topo.


EXAME.com – Os pais costumam ficar incomodados com o sucesso precoce dos filhos no mundo dos negócios?
Tart – Eu não sei porque os pais não foram entrevistados. Mas eu tenho certeza que o dinheiro não está no topo da lista de preocupações deles. A maioria dos pais guiou ativamente os filhos na empreitada, para garantir que eles não fossem confiantes a ponto de perderem tudo ou repetissem se ano no colégio.


EXAME.com – Você acredita que mais e mais jovens têm se interessado pelo empreendedorismo?
Tart – Não há dúvidas de que o empreendedorismo está em alta. A internet possibilitou que qualquer pessoa sozinha fizesse um negócio global. Além disso, sites como o Twitter e o Facebook, tornaram mais fácil para os empreendedores terem conhecimentos e construírem comunidades. Jovens que cresceram com a internet a entendem de uma maneira que a maioria dos pais não consegue. Eles também estão percebendo que ter um trabalho não é uma aposta certa, como costumava ser. Portanto, sim, eu acredito que mais e mais jovens estão escolhendo o empreendedorismo.


EXAME.com – Alguns pesquisadores, como o professor Scott Shane, defendem a tese de que o empreendedorismo está no sangue. Você concorda?
Tart – Qualquer um pode ter sucesso como um empreendedor se realmente colocar isso na cabeça. Mas ter alguns traços hereditários podem ajuda durante a jornada, como ser um batalhador, um líder ou ser mais inteligente. Se essas características forem genéticas, então eu acho que o empreendedorismo também é.

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E aí, designers?  Esses dois posts fazem algum efeito em vossas cabeças?

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