segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Super olho de camarão inspira nova geração de DVDs

Esse post faz parte da série "parece maluquice, mas a coisa é séria". E serve para nós, designers, refletirmos bastante sobre nosso papel como inovadores que usam o mundo ao redor como fonte de pesquisa e inspiração.

Na foto acima, vemos os olhos de um crustáceo encontrado na Austrália, que convertem luz polarizada como os leitores de discos digitais e podem auxiliar no desenvolvimento de nova geração de dispositivos óticos. Abaixo, vemos um esquema do olho do camarão mantis, mostrando as células R8, que superam qualquer equipamento já feito pelo homem com a mesma finalidade.




Super olhos
Se eles viessem de Krypton, não seria nenhuma surpresa serem capazes de enxergar 4 vezes mais cores do que os olhos humanos. Mas o fato é que eles são aqui da Terra e talvez você já os tenha mastigado algumas vezes ao longo da vida.
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O fato é que os olhos de um crustáceo marinho estão fornecendo aos engenheiros a inspiração para o desenvolvimento de uma nova geração de aparelhos leitores de discos digitais, eventuais sucessores do DVD. Barra pesada, não? O camarão mantis (Odontodactylus scyllarus) é encontrado na Grande Barreira de Coral, na Austrália, e tem o sistema de visão mais complexo de que se tem notícia. Animais dessa espécie são capazes de enxergar 12 cores primárias - os humanos vêem apenas três - e podem distinguir entre formas diferentes de luz polarizada, algo que os humanos não são capazes.
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De acordo com o estudo, feito por pesquisadores da Universidade de Bristol, no Reino Unido, células sensíveis à luz, presentes nos olhos do camarão, atuam como placas que alteram o plano das oscilações das ondas luminosas que passam por elas. E essa capacidade faz com que esses crustáceos convertam luz polarizada linearmente em luz polarizada circularmente e vice-versa. Dispositivos conhecidos como placas polarizadoras de quarto de onda fazem essa função em leitores de CD ou de DVD e em filtros polarizadores de câmeras fotográficas ou de vídeo.

Entretanto, esses dispositivos fabricados pelo homem tendem a operar bem apenas para uma cor, enquanto o mecanismo natural dos olhos do camarão mantis funciona por quase todo o espectro de luz visível. Nesse quesito, devem rivalizar com os olhos do Kal-El.

Nicholas Roberts, principal autor do estudo, diz que o trabalho revelou o design e mecanismos únicos da placa polarizadora no olho do camarão mantis, algo realmente excepcional e que supera qualquer equipamento que o homem tenha produzido nesse sentido até hoje.

Ainda não se sabe por que esse tipo de camarão precisa de tanta sensibilidade à luz polarizada, pois normalmente a visão polarizada é usada por animais para sinalização sexual ou para comunicação secreta, que evite chamar a atenção de predadores. Mas o fato é que esta capacidade inusitada do camarão mantis pode também atuar na visualização de presas, ao melhorar a capacidade de enxergar com clareza no meio aquático.

O entendimento de como funciona esse mecanismo natural poderá ajudar a fabricar melhores dispositivos óticos, que poderiam usar, por exemplo, cristais líquidos produzidos especialmente para imitar as propriedades das células presentes nos olhos do camarão mantis. O mantis não seria o primeiro crustáceo a inspirar produtos do tipo, pois em 2006 um componente presente no olho da lagosta inspirou o desenho de um detector de raio X para um telescópio europeu, em trabalho coordenado por Nigel Bannister, da Universidade de Leicester.

E então, designers?

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