sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Inovação Multimídia - parte quatro: Mundos Verticais & Mundos Generalistas

Dando uma pesquisada nos posts de meu colega português Paulo Frias (aka PalUp Ling no Second Life), a quem muito admiro, encontrei esse assunto que ora transcrevo com algumas adaptações. Penso que ele é bastante pertinente nesse momento em que o Second Life se livrou da empresa brasileira que entravava seu bom funcionamento e divulgação nacional, e também pela chegada em breve dos primeiros metaversos brasileiros construídos via OpenSimulator.

Mundos verticais e mundos generalistas
O ponto de partida do assunto foi a questão levantada pela KZero, empresa especialista em mundos virtuais sobre quais seriam os fatores que levariam as pessoas a escolher e a adotar um determinado mundo virtual?

De acordo com a empresa, respostas como "facilidade de uso", "publicidade" e "combinação de diferentes fatores" são previsíveis, porém nenhuma delas constituiria o fator decisivo nesta escolha. Eu mesmo tenho observado, principalmente junto aos meus alunos, que a falta de uma fácil identificação sobre o que fazer no Second Life é o principal motivo de desistência de participar do metaverso. E justamente esse "sentido de proposta" é que orienta a opção na escolha de um determinado mundo virtual.

Por esse motivo, a KZero classificou o Second Life como um mundo generalista, onde normalmente as pessoas não têm nada em comum quando entram pela primeira vez e justificou a tendência observada dos usuários se integrarem em grupos de interesse com objetivos específicos.

Aí surge uma conclusão que merece ser observada, principalmente por você, leitor, que tem interesse em desenvolver um mundo virtual particular: ao invés de se construir um mundo virtual generalista, de grandes proporções e difícil gerenciamento, parece mais rentável a criação de mundos temáticos que possam atrair usuários com interesses comuns.

Este ponto de vista também ressalta que a importância não está na tecnologia utilizada ou o fato de estar imerso em um mundo virtual, mas sim a possibilidade de partilhar um ambiente feito para atender às expectativas e aos interesses dos usuários!

Isso me lembra de uma aula que dei, há cerca de dois anos, quando falava no surgimento de ferramentas gratuitas para a criação de mundos virtuais e de engines gráficas gratuitas e de boa qualidade, transferindo o foco para a qualidade do conteúdo criado. Depois do rebuceteio entre os alunos, mais uma vez, os colegas da área tecnológica me atiraram pedras, achando que eu estava desmerecendo o trabalho por eles realizado em prol da minha área de atuação.

A minha martelada é clara, mas não desmerece ninguém, muito pelo contrário. O que eu quis dizer na época e agora reforço neste post, é que a tecnologia deve ser entendida apenas como um meio para atingir um determinado fim e não a atração principal. Esse erro foi cometido largamente no cinema americano das décadas de 1980 e 1990, quando o roteiro era deixando em segundo plano em prol de efeitos especiais cada vez mais mirabolantes.

A partir deste ponto de vista da KZero, surge a definição de mundos verticais, que seriam criados em função das necessidades de um segmento de mercado específico.

Football Superstars, Home & vSide
No relatório da consultoria, Football Superstars (um híbrido entre MMOG/MV) é citado como exemplo de mundos verticais, pois sabe-se que cada usuário está interessado em futebol. Para a KZero, outros exemplos óbvios são o Playstation Home, Virtual MTV ou vSide, nos quais os objetivos/temáticas abordadas são claras e dirigidas a públicos-alvo bem definidos.

Mas aí cabe a pergunta: se os mundos verticais são tão mais sedutores, como os mundos generalistas conseguirão sobreviver? Uma provável resposta é que os mundos generalistas se organizam de forma vertical em torno de micro-grupos de interesse, parecida com o processo de organização social do mundo físico.

Mas temos também a possibilidade de que a criação de conteúdos seja um atrativo fortíssimo, proporcionando aos usuários do Second Life uma vivência transversal, migrando por entre uma série de sub-mundos verticais lá existentes.

O assunto é vasto, mas por ora vou parar por aqui. Em breve retomaremos o papo.

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