Desde que dei uma palestra na UniFOA sobre “A Biblioteca do Futuro e o impacto das novas tecnologias no incentivo à leitura”, tenho observado os movimentos do mercado em relação a difusão dos e-books. Esse é um assunto que vem mexendo com a cabeça (e os bolsos) de muita gente, preocupados com que tipos de transformações terão que se deparar daqui por diante.
É compreensível, visto que a experiência no mercado da música deu uma rasteira nas gravadoras, deixando-as com as quatro patas pro ar após décadas de manipulação de tendências, exploração de artistas e por aí vai. Os novos artistas e uma parte da “velha guarda” resolveu chutar o latão e usar a Web 2.0 a seu próprio favor, oferecendo suas músicas para download gratuito ou a preços reduzidíssimos e o resultado desta postura foi... que começaram a lucrar mais!
O exemplo da Apple com o iTunes assustou – ou devo dizer apavorou? – muitos executivos e, por conta disso, empresas como a Sony e a Adobe não querem abandonar as restrições a cópias por medo de que isso permita pirataria de livros.
O objetivo delas é promover padrões comuns para o setor, a fim de evitar a repetição do acontecido no setor de música digital, dominado pela Apple, que "trancou" o mercado, ganhou poder e influência extraordinários e se tornou capaz de ditar normas às grandes gravadoras sobre assuntos como o preço das faixas de música digital.
E aí os manipuladores passaram a ser manipulados...
Mas voltemos aos livros eletrônicos e vejamos o que está acontecendo ao redor do mundo, nesta dimensão fantástica chamada Internet: um movimento interessante que vai incentivar o acesso a conteúdos textuais digitais e ainda dará uma coça na concorrência é a proposta da Sony pela adoção de formatos abertos para livros eletrônicos, ao contrário do que faz a Amazon.com, líder neste mercado emergente, que vincula os e-books por ela vendidos com o leitor Kindle, também da Amazon, ou com o software que a empresa criou para o iPhone.
Já a Sony planeja anunciar que, até o final do ano, estará vendendo apenas livros eletrônicos no formato ePub, um padrão aberto criado por um grupo que inclui editoras como a Random House e a HarperCollins. A empresa removerá também o software de bloqueio de cópias que desenvolveu e o substituirá por um produto da Adobe que restringe o número de vezes que um livro eletrônico pode ser copiado ou emprestado. Com isso, acredita-se que o prejuízo dos autores e editores contra a pirataria de obras deve ser minimizado.
Por essa proposta, os livros comprados na loja online da Sony poderão ser lidos não só em seus equipamentos mas também em outros leitores adaptados ao ePub, entre os quais o eReader, da Plastic Logic. Para quem ainda acha que esse mercado não é lucrativo, vale ressaltar que nos EUA a venda de livros eletrônicos atingiu a singela quantia de US$ 14 milhões em junho, com um crescimento de 136,2% em relação ao mesmo mês em 2008.
Allen Weiner, analista do grupo de pesquisa tecnológica Gartner, lembra que a Apple ainda não determinou se vai adotar formato aberto ou fechado para os livros eletrônicos e se ela realmente lançar em breve um computador com tela de toque que funcionará como leitor eletrônico e adotar um formato aberto como o ePub, isso forçará a Amazon.com a reconsiderar sua posição.
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