quinta-feira, 26 de março de 2009

Teach for America

Coincidências não existem. Sincronicidade sim. Ainda ontem eu comentava sobre as mudanças necessárias para que uma reforma educacional decente fosse implementada no país. Para variar, os interlocutores já davam como favas contadas a impossibilidade do acontecimento, pois teria que se mudar a cultura de milhões de pessoas e ninguém consegue fazer isso. Cansado de gastar o meu latim, fui tomar uma dose de ambrosia com os deuses do Olimpo.

Hoje, ao acordar, recebo por e-mail, de um educador, a matéria que transcrevo a seguir, publicada originalmente na revista Veja, edição 2105, de 25 de dezembro passado:




Quando decidiu recrutar estudantes formados nas melhores universidades dos Estados Unidos para dar aulas, por dois anos, nas piores escolas públicas do país, a americana Wendy Kopp, 41 anos, foi taxada de louca. Hoje, o seu Teach for America se transformou em um dos programas mais bem-sucedidos na educação. De Nova York, ela falou à repórter Camila Pereira.

De onde surgiu a ideia de fazer um programa como o Teach for America?
Nem tinha me formado ainda em relações internacionais por Princeton e executivos de bancos de investimentos e das mais importantes consultorias do país já batiam à minha porta para tentar me convencer a trabalhar no mercado financeiro. Com os meus colegas, a situação era igual. Foi aí que comecei a pensar como seria fora de série conseguir atrair esses jovens de áreas tão diferentes para dar aulas nas escolas públicas americanas. Era preciso, no entanto, recrutá-los com a mesma agressividade dos bancos de Wall Street.

Como sua ideia foi recebida inicialmente?
Fui taxada de louca. Logo depois de me formar, passei meses expondo meu projeto a dezenas de pessoas, atrás de financiamento. Tarefa duríssima. Elas olhavam para a lista de universidades das quais eu pretendia recrutar professores e, diante de nomes como Harvard e Yale, gargalhavam. Ninguém acreditava ser possível atrair os mais brilhantes para ensinar numa escola pública.

E como, afinal, a senhora conseguiu fazer isso?
Primeiro, oferecendo a esses alunos o que muitos deles procuravam ao sair da faculdade: a chance de realizar um trabalho de grande impacto. Com processos seletivos rigorosíssimos, aos quais só sobrevivem as melhores cabeças, além de propaganda contínua dos nossos resultados, conseguimos conferir ao programa uma aura de prestígio e relevância que fascina esses jovens.

Mas não é só o idealismo, evidentemente, que os faz optar pela sala de aula. Há incentivos bastante objetivos, decisivos para atrair os candidatos e ainda convencer seus pais de que não estão cometendo uma insanidade.

A senhora pode dar exemplos desses incentivos?
O Teach for America mantém parcerias com algumas das principais escolas de pós-graduação do país. Elas reservam vagas e oferecem bolsas exclusivas para quem saiu do programa. Temos arranjos semelhantes com grandes empresas, como Google e McKinsey, que admitem no ato esses jovens e também lhes dão privilégios, como o patrocínio de bons cursos e cargos mais altos. Tais empresas já sabem que ali encontrarão os melhores do mercado.

É difícil conseguir financiamento?
Já foi mais. Atualmente, somos até procurados por gente interessada em nos dar dinheiro. São pessoas movidas pelo pragmatismo. Sabem que, com o treinamento intensivo que os jovens recebem para se tornar professores, os resultados em sala de aula são ótimos. E os empresários estão sempre interessados em associar sua marca a algo que funciona.

Hoje, um programa desse tipo precisa ser capaz de provar sua eficácia, com dados objetivos, para conseguir patrocínio.

Por que só os recém-formados estão na mira do programa?
Uma de nossas metas é justamente influenciá-los de modo que conservem, no futuro, um radar para a educação, não importa a área em que atuem. A boa notícia é que, pela primeira vez, eles começam a considerar a sala de aula. Não por acaso.

O Teach for America foi considerado um dos quinze melhores lugares nos Estados Unidos para um jovem iniciar sua carreira, à frente de várias grandes empresas. Ótimo para os estudantes e, não há dúvida, para o país.

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Pois é. E agora, eles vão continuar dizendo que é impossível e me chamando de doido? A resposta é sim, eles vão. Mas não tem problema nenhum, pois além da minha opinião tenho mais um case de sucesso para apresentar nas minhas peregrinações.

Abaixo, uma entrevista da visionária (em inglês):

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